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IA: nem inteligente, nem artificial

Postado em: 31/08/2024 | Por: Emerson Alves

A inteligência artificial (IA) já faz parte do cotidiano, mas ainda enfrenta desafios significativos em relação às capacidades humanas e seu impacto ambiental.

O avanço tecnológico trouxe para a realidade o que antes era visto apenas em filmes de ficção científica. A inteligência artificial está presente em diversos aspectos da vida cotidiana, desde aplicativos que calculam rotas de viagem até sistemas que organizam filas de atendimento em bancos. Ela também é usada para mostrar ofertas personalizadas em redes sociais ou auxiliar em pedidos de lanche.

Leia também: Como aplicativos de geolocalização com inteligência artificial estão ajudando a reduzir emissões de carbono.

O que é inteligência artificial?

A IA surgiu por volta de 1943, com Warren McCulloch e Walter Pitts, que criaram o primeiro modelo computacional para redes neurais. No entanto, o termo “inteligência artificial” só foi cunhado em 1956. Desde então, essa tecnologia avançou rapidamente, especialmente nos últimos dois anos, devido a grandes investimentos.

Apesar desses avanços, a questão que se coloca é: as capacidades humanas poderão ser alcançadas por essa tecnologia? De acordo com o professor Marcelo Alves, do departamento de comunicação da PUC-Rio, a resposta é negativa. Em uma palestra durante o Mutirão de Comunicação da Arquidiocese de Goiânia, ele abordou as principais dúvidas sobre a IA.

A inteligência artificial é realmente inteligente?

O professor Marcelo Alves explica que, no meio acadêmico, a expressão “inteligência artificial” é considerada equivocada. “Os modelos matemáticos usados pela IA não desenvolvem cognição, não compreendem ou processam informações como um ser humano. Eles apenas acumulam informações. A IA não é afetiva ou empática, sendo, portanto, um paralelo inadequado e limitado com a inteligência humana”, afirmou.

Ele também destaca que a IA não é completamente “artificial” porque é programada e treinada por pessoas, refletindo os interesses e necessidades humanas. Portanto, a IA não é autônoma, e é necessário ter responsabilidade ao usar essa tecnologia.

Reflexão do Papa sobre a IA

O Papa Francisco abordou o tema da inteligência artificial em sua mensagem para o Dia Mundial da Paz 2024. Ele enfatizou que “os avanços tecnológicos que não conduzem a uma melhoria da qualidade de vida da humanidade inteira nunca poderão ser considerados um verdadeiro progresso”. O pontífice fez um apelo à comunidade internacional para a adoção de um tratado internacional vinculativo que regule o desenvolvimento e uso da IA em suas várias formas.

Na mensagem para o Dia Mundial das Comunicações Sociais, Francisco refletiu sobre o impacto da tecnologia nas novas gerações e destacou a importância de usar a IA a serviço da vida, da solidariedade e da comunhão. Dessa forma, a IA pode ser uma oportunidade para comunicar valores humanos e cristãos, mas requer um uso seguro e responsável.

IA e meio ambiente

Uma das questões mais preocupantes sobre a IA é o impacto ambiental de seu uso. O professor Marcelo Alves destacou que a energia necessária para manter a tecnologia funcionando consome muitos recursos naturais. “As informações não estão nas nuvens; elas estão armazenadas em grandes ‘fazendas’ de servidores ao redor do mundo, que consomem enormes quantidades de energia”, explicou. Além disso, o resfriamento desses supercomputadores requer milhões de litros de água, com um consumo de uma garrafa d’água para cada pergunta feita ao ChatGPT.

Portanto, é essencial considerar as consequências ambientais ao usar essa tecnologia e refletir sobre sua real necessidade.