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Os riscos do uso inadequado da IA na educação: Como a tecnologia pode prejudicar o aprendizado

Postado em: 31/08/2024 | Por: Emerson Alves

Embora a inteligência artificial tenha o potencial de revolucionar a educação, seu uso inadequado pode comprometer o aprendizado e tornar os estudantes menos engajados e dependentes de soluções prontas.

Com a crescente popularidade da inteligência artificial (IA) na educação, surgem oportunidades promissoras, mas também grandes desafios. A IA generativa, por exemplo, é vista como uma ferramenta capaz de personalizar o ensino e apoiar estudantes em diversas tarefas. No entanto, como destaca o educador Diogo Cortiz, se não for utilizada corretamente, essa tecnologia pode mais atrapalhar do que ajudar.

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O potencial da IA na personalização do ensino

Diogo Cortiz, que tem quase uma década de experiência em modelos pedagógicos baseados em metodologias ativas, aponta que a IA pode ser uma aliada poderosa na personalização do ensino. Ferramentas como chatbots, mencionadas em um guia lançado pela Unesco, mostram como a IA pode ser usada como um “motor de possibilidades” ou como um “Oponente Socrático” para desafiar os alunos a aprimorarem suas habilidades de debate e argumentação.

Esses casos de uso ilustram o potencial da IA para enriquecer o processo de ensino, proporcionando aos estudantes uma experiência de aprendizagem mais interativa e envolvente. No entanto, a eficácia dessas ferramentas depende diretamente de como elas são implementadas na sala de aula.

Os perigos de uma implementação inadequada

Apesar das possibilidades, a implementação inadequada da IA na educação pode trazer sérios riscos. Cortiz compartilha a experiência de Eric Klopfer, professor do MIT, que realizou um experimento para testar a eficácia do ChatGPT no ensino de uma linguagem de programação desconhecida pelos alunos. O experimento revelou um problema crucial: embora os alunos que usaram o ChatGPT resolvessem os problemas mais rapidamente, eles não conseguiram reter o conhecimento e falharam nas avaliações subsequentes.

Por outro lado, os alunos que utilizaram apenas o buscador do Google, embora tenham demorado mais para resolver as questões, passaram no teste. Isso aconteceu porque eles precisaram interpretar e conectar diferentes informações, o que levou a um aprendizado mais profundo e duradouro.

A ilusão do aprendizado fácil

O experimento do MIT destaca um dos principais perigos da IA na educação: a ilusão do aprendizado fácil. A facilidade com que chatbots e outras ferramentas de IA fornecem respostas prontas pode levar os alunos a uma postura passiva, onde o aprendizado se torna superficial e dependente de soluções rápidas e automáticas. Esse fenômeno pode atrofiar as habilidades críticas dos estudantes, como a capacidade de interpretar, analisar e sintetizar informações.

Além disso, há o risco de que os alunos se tornem excessivamente dependentes da IA, não desenvolvendo plenamente suas competências cognitivas. A tecnologia, nesse caso, não estaria servindo como um meio para alcançar um aprendizado mais profundo, mas sim como uma muleta que limita o desenvolvimento intelectual dos estudantes.

O desafio dos educadores

Para Cortiz, o grande desafio dos educadores é encontrar um equilíbrio no uso da IA, de modo que ela seja uma ferramenta transformadora na educação, e não um obstáculo. A tecnologia deve ser utilizada para desenvolver habilidades, e não para atrofiá-las. Isso exige uma abordagem crítica e consciente por parte dos professores, que devem estar atentos aos perigos de uma implementação inadequada da IA no ambiente escolar.

Em um mundo onde a IA pode fazer muitas coisas por nós, o verdadeiro desafio será combater a preguiça humana e garantir que a tecnologia seja usada para fomentar o pensamento crítico e o aprendizado ativo.