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O design contra-ataca: Procreate bloqueia uso de IA generativa em suas ferramentas

Postado em: 26/08/2024 | Por: Emerson Alves

A Procreate, conhecida por seu popular aplicativo de design para iPad, decide não adotar IA generativa, destacando-se em um mercado cada vez mais dominado por essa tecnologia.

No mundo da tecnologia, é raro ver empresas recusarem oportunidades que possam parecer lucrativas. Por isso, foi surpreendente quando James Cuda, CEO da Procreate, declarou recentemente sua aversão à IA generativa, afirmando que seus produtos não a adotariam. A Procreate é reconhecida por seu aplicativo para iPad, que permite aos usuários desenhar, pintar e criar animações com ferramentas digitais incrivelmente realistas.

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A resistência dos artistas à IA generativa

Entre muitos artistas visuais, a IA generativa é vista com desconfiança e até hostilidade. Eles consideram que a dependência dessa tecnologia na criação artística pode ser uma forma de roubo de propriedade intelectual, especialmente quando utilizada sem o consentimento dos criadores originais. Além disso, esses profissionais temem a competição com máquinas, vendo as imagens geradas por IA como uma desvalorização da arte humana. Para eles, a estética das criações de ferramentas como o DALL-E é um simulacro sem alma, algo que fere a essência do trabalho artístico.

Essa desconfiança não é exclusiva dos usuários da Procreate. A Adobe, por exemplo, enfrentou fortes críticas quando mudanças em seus termos de serviço foram interpretadas como permissão para usar as artes dos clientes no treinamento de sua IA Firefly. Em outro caso, a Figma suspendeu uma funcionalidade de geração de interfaces de software após acusações de que os designs gerados eram cópias de aplicativos já existentes.

Uma decisão estratégica e ética

A decisão da Procreate de ignorar o hype em torno da IA generativa pode ser vista tanto como uma jogada inteligente de marketing quanto como uma postura ética admirável. Ao se distanciar dessa tecnologia, a empresa reforça sua imagem entre os artistas que veem a IA como uma ameaça e não como uma ferramenta. Essa decisão também evita que a Procreate enfrente problemas que outras empresas já experimentaram ao tentar implementar IA de maneira inadequada.

James Cuda acredita que o foco deve continuar na criatividade humana. Mesmo que a empresa eventualmente encontre uma maneira de incorporar a IA generativa de forma que incentive a autoexpressão sem comprometer sua essência, a Procreate está disposta a avançar lentamente. Cuda admite que o futuro é incerto, mas a empresa está determinada a apoiar a criatividade humana em primeiro lugar.

Um futuro pautado pela criatividade humana

A postura da Procreate contrasta fortemente com a pressão que grandes empresas, como a Adobe e o Google, enfrentam para abraçar a IA generativa. Enquanto essas gigantes correm para provar sua competência em IA, a Procreate opta por manter sua essência, focando em ferramentas que realmente aprimorem o trabalho dos artistas. No final, essa escolha pode solidificar ainda mais a reputação da empresa como uma aliada dos criadores, que valorizam a autenticidade e a originalidade acima de tudo.