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Oportunidades de investimento para startups no Plano Brasileiro de Inteligência Artificial

Postado em: 02/09/2024 | Por: Emerson Alves

O Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA) apresenta uma série de oportunidades de investimento para startups, com foco em inovação tecnológica e transformação digital em diversos setores.

Há cerca de um mês, o governo brasileiro lançou o Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA) durante a 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação. Nomeado “IA para o bem de todos”, o plano foi encomendado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e prevê investimentos de R$ 23 bilhões entre 2024 e 2028. Esta iniciativa visa equiparar o Brasil a outras nações em termos de infraestrutura tecnológica, ao mesmo tempo em que cria um terreno fértil para startups que desenvolvem soluções baseadas em IA.

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O papel central das startups no ecossistema de inovação

Segundo Luis Manuel Rebelo Fernandes, secretário-executivo do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), as startups desempenham um papel crucial no ecossistema nacional de ciência e tecnologia. Sua capacidade de inovação ágil as posiciona como protagonistas na implementação das ações do PBIA. No entanto, devido ao alto risco de mortalidade dessas empresas, é essencial que políticas públicas adequadas sejam implementadas para garantir que elas possam se estabelecer e crescer.

O PBIA foi elaborado com a colaboração de mais de 300 pessoas e 117 instituições públicas, privadas e da sociedade civil, e uma de suas prioridades é melhorar a infraestrutura tecnológica do Brasil. Um dos marcos desse esforço é a aquisição de um supercomputador alimentado por energias renováveis, que promete impulsionar ainda mais o desenvolvimento de soluções inovadoras no país.

Ações de impacto imediato: oportunidades para startups

O PBIA inclui 54 ações, das quais 31 são classificadas como de impacto imediato. Essas ações, que receberão R$ 435 milhões em investimentos, visam resolver problemas específicos em áreas prioritárias como saúde, agricultura, meio ambiente, indústria, comércio e serviços, educação, desenvolvimento social e gestão pública.

No curto prazo, as startups que trabalham com tecnologias emergentes e que têm potencial para expansão e replicação têm grandes chances de se beneficiar. Por exemplo, no setor de saúde, o plano inclui o desenvolvimento de soluções como prontuário falado, suporte na decisão de compras de medicamentos, otimização de diagnósticos e detecção de anomalias em procedimentos hospitalares. Novas chamadas para projetos serão divulgadas em breve pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).

Iniciativas estruturantes e o longo prazo

No longo prazo, o PBIA se organiza em cinco eixos principais, com oportunidades específicas para startups em dois deles: “IA para melhoria dos serviços públicos” e “IA para inovação empresarial”. O primeiro eixo tem um orçamento de R$ 1,76 bilhão destinado a 19 ações, incluindo programas específicos para govtechs, que desenvolvem soluções de IA para desafios do setor público.

Essas chamadas, previstas para ocorrer duas vezes ao ano, contarão com recursos de R$ 100 milhões do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), entre 2024 e 2028. Elias Ramos de Souza, diretor de inovação da Finep, destaca que a financiadora já tem experiência em projetos focados em IA, o que abre espaço para pequenas empresas inovarem e crescerem nesse mercado competitivo.

No quarto eixo, voltado para a inovação empresarial, o plano prevê a criação de um fundo de investimentos de R$ 400 milhões para apoiar startups de IA. Esse fundo será alimentado por recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), FNDCT e setor privado. O objetivo é fornecer o capital necessário para que as startups possam validar suas ideias e crescer no mercado.

A importância do momento e o futuro das startups de IA

Para Anderson Soares, professor e fundador do Centro de Excelência em Inteligência Artificial (CEIA), este é um momento crucial para startups de IA no Brasil. Ele ressalta que, embora existam desafios, como a dificuldade de financiamento para MVPs (Minimum Viable Products), o PBIA traz novidades promissoras, como a criação de políticas públicas que posicionam o governo como um comprador estratégico de soluções inovadoras.

As oportunidades apresentadas pelo PBIA podem ajudar a superar o “vale da morte” que muitas startups enfrentam, oferecendo o suporte necessário para que essas empresas não só sobrevivam, mas prosperem e impulsionem a revolução digital no Brasil. Com o plano em ação, o país pode ver um crescimento significativo no número de startups bem-sucedidas que usam inteligência artificial para resolver problemas complexos e promover o desenvolvimento econômico e social.