Meus Apps


Médico lança livro sobre limites éticos da inteligência artificial na saúde

Postado em: 26/08/2024 | Por: Emerson Alves

Daniel Dourado, médico e pesquisador, aborda em novo livro os desafios éticos e regulatórios do uso de inteligência artificial na área da saúde.

A crescente utilização da inteligência artificial (IA) na saúde traz à tona importantes discussões sobre ética, privacidade e segurança. Em seu novo livro, Inteligência Artificial e Saúde: Conexões éticas e regulatórias, Daniel Dourado, médico e advogado, explora as complexidades envolvidas na regulação de tecnologias de IA aplicadas ao campo da saúde. A obra, publicada pela Abeto, selo de não ficção do Grupo Aboio, é baseada na pesquisa de doutorado do autor e reflete a urgência em estabelecer parâmetros regulatórios para garantir que esses avanços tecnológicos sejam seguros e eficazes.

Leia também: MPMG encerra Mês da Segurança Institucional com painel sobre inteligência artificial na segurança pública.

Desafios éticos na intersecção entre saúde e tecnologia

O autor destaca que o setor de saúde exige uma abordagem diferenciada em comparação com outras áreas de tecnologia. A responsabilidade do estado em regular produtos de saúde é fundamental, dado que qualquer ferramenta tecnológica utilizada em contexto clínico é considerada um dispositivo médico. Portanto, essas inovações devem atender a critérios rigorosos de segurança, eficácia e ética.

Daniel Dourado aponta três fundamentos essenciais para a regulação da IA na saúde: privacidade dos dados utilizados para treinar os algoritmos, a ética específica do desenvolvimento desses produtos, que combina princípios da ética em IA e da bioética, e o respeito aos direitos humanos, considerando a saúde como um direito fundamental.

Transparência, responsabilidade e segurança

No livro, Dourado enfatiza três elementos centrais que devem guiar o desenvolvimento e a aplicação de IA na saúde: transparência no uso dos dados, responsabilidade no manejo dessas informações e, principalmente, a garantia de segurança e eficácia dos produtos. Ele destaca que, para que a IA seja verdadeiramente equitativa, é necessário superar os vieses presentes nos modelos atuais, que muitas vezes falham em fornecer resultados precisos para populações diversas, como mulheres e pessoas de diferentes etnias.

Avanço da IA na saúde e a necessidade de regulação

O uso da inteligência artificial na saúde tem mostrado resultados promissores, como na análise de exames e na predição de doenças hereditárias. Contudo, a regulação específica para essas tecnologias ainda avança lentamente em muitos países. Um dos conceitos discutidos no livro é o de sandboxes, que são ambientes de teste controlados onde a IA pode ser avaliada em situações reais, sem interferir diretamente na conduta dos profissionais de saúde.

Esses testes permitem que os profissionais observem como o modelo de IA se comporta e compará-lo com práticas tradicionais para determinar sua segurança e eficácia antes de ser amplamente adotado. Daniel Dourado argumenta que essa abordagem pode evitar litígios judiciais e proporcionar uma base mais sólida para a regulação desses produtos, fundamentada no debate social e no direito administrativo.

A importância de uma regulação proativa

Dourado defende que uma regulação proativa, construída através de debates e fundamentada em princípios claros, é preferível a um cenário onde a falta de regras específicas leve a ações judiciais baseadas em casos isolados. Ele acredita que esse caminho é essencial para o desenvolvimento responsável da inteligência artificial na saúde, assegurando que esses avanços tecnológicos realmente beneficiem a sociedade como um todo.