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Jornalistas venezuelanos utilizam avatares de inteligência artificial para escapar da repressão do governo Maduro

Postado em: 28/08/2024 | Por: Emerson Alves

Para driblar a censura e evitar represálias do regime de Nicolás Maduro, jornalistas na Venezuela recorrem a avatares de inteligência artificial (IA) para reportar notícias consideradas “inadequadas” pelo governo.

Em meio ao crescente autoritarismo do regime de Nicolás Maduro, que se aproxima cada vez mais de uma ditadura completa, jornalistas venezuelanos estão adotando uma estratégia inovadora para continuar informando a população: o uso de avatares de inteligência artificial (IA) em transmissões diárias. Esses avatares permitem que os repórteres divulguem informações sensíveis sem revelar suas identidades, reduzindo o risco de prisão ou outras formas de repressão.

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Avatares digitais como solução para a censura

Os avatares La Chama e El Pana, que podem ser traduzidos para o português como “A Garota” e “O Companheiro”, são as figuras principais dessa iniciativa. Eles foram criados como parte da Operación Retuit, uma colaboração entre cerca de 20 veículos de notícias e de checagem de fatos na Venezuela, que conta com a participação de aproximadamente 100 jornalistas. Através desses avatares, as notícias são transformadas em boletins diários que são transmitidos para o público, evitando que os jornalistas humanos se exponham diretamente ao perigo.

Na transmissão de estreia, La Chama, uma das apresentadoras digitais, destacou: “Antes de prosseguir – caso você não tenha notado – queremos informar que não somos reais.” Essa revelação foi seguida pela apresentação de estatísticas alarmantes sobre a repressão a protestos contra o governo, incluindo o relato de que mais de 1.400 pessoas foram detidas em menos de duas semanas, e que pelo menos 23 mortes ocorreram durante esses protestos, com as vítimas sendo, em sua maioria, alvejadas por forças de segurança do Estado.

Expondo a repressão sob o regime de Maduro

El Pana, o outro avatar, detalhou ainda mais as condições repressivas na Venezuela, mencionando que “todos as vítimas foram mortas a tiros e, segundo testemunhas, os suspeitos eram policiais, militares ou grupos paramilitares conhecidos como colectivos”. Essas transmissões têm se mostrado uma ferramenta eficaz para trazer à tona as graves violações dos direitos humanos que ocorrem no país, sem colocar em risco direto os jornalistas envolvidos.

A resistência digital em tempos de opressão

Essa abordagem inovadora reflete a determinação dos jornalistas venezuelanos em continuar informando a sociedade, mesmo sob um regime que tenta controlar rigorosamente a informação. A utilização de IA para criar avatares que reportam as notícias em nome dos jornalistas é uma solução criativa para um problema crescente de censura e repressão.

Embora a situação na Venezuela seja crítica, a Operación Retuit demonstra que a tecnologia pode ser utilizada de maneira eficaz para proteger os direitos à informação e à liberdade de expressão, mesmo em contextos de extrema opressão. A resistência digital, materializada através desses avatares, representa uma nova fronteira na luta pela verdade e pela justiça.