Meus Apps


Como a inteligência artificial pode revolucionar a previsão e o tratamento da demência

Postado em: 26/08/2024 | Por: Emerson Alves

Pesquisadores escoceses utilizam inteligência artificial (IA) para prever o risco de demência, prometendo diagnósticos mais precoces e tratamentos mais eficazes.

A demência, uma doença degenerativa que afeta a memória, o pensamento e o comportamento, é um dos maiores desafios de saúde pública da atualidade. Estima-se que cerca de 55 milhões de pessoas em todo o mundo sofram com a condição, e esse número pode triplicar até 2050, chegando a 153 milhões de casos. Diante dessa crescente ameaça, cientistas das universidades de Edimburgo e Dundee, na Escócia, estão conduzindo um projeto inovador que promete transformar a forma como a demência é diagnosticada e tratada, utilizando o poder da inteligência artificial (IA).

Leia também: Cade investiga aquisições de startups de inteligência artificial por big techs.

O projeto NEURii: Uma iniciativa pioneira

O projeto, parte do esforço global denominado NEURii, busca integrar tecnologias avançadas no campo da neurociência para enfrentar a demência de maneira mais eficaz. Os pesquisadores planejam analisar até 1,6 milhão de exames cerebrais, incluindo tomografias computadorizadas (CT) e ressonâncias magnéticas (MRI), com o objetivo de desenvolver uma ferramenta baseada em IA capaz de prever o risco de demência em pacientes. Essa abordagem inovadora poderá revolucionar o diagnóstico da demência, permitindo intervenções mais precoces e personalizadas.

O papel da inteligência artificial no diagnóstico precoce

A inteligência artificial tem a capacidade de processar e analisar grandes quantidades de dados em um curto período, algo que seria inviável para seres humanos. No contexto do projeto NEURii, a IA será usada para correlacionar os dados de imagem dos exames cerebrais com registros de saúde vinculados, identificando padrões que possam sinalizar o desenvolvimento da demência em seus estágios iniciais. Essa análise detalhada pode revelar sutilezas nos dados que passariam despercebidas em análises convencionais, permitindo uma compreensão mais profunda dos fatores que contribuem para a doença.

Ao identificar esses padrões, a IA poderá ajudar a prever o risco de demência antes mesmo que os sintomas clínicos apareçam. Isso significa que os pacientes poderão receber um diagnóstico mais cedo, aumentando as chances de tratamento eficaz e melhorando significativamente a qualidade de vida. Além disso, a detecção precoce pode permitir a implementação de medidas preventivas, retardando ou até mesmo prevenindo o aparecimento da demência.

Segurança e privacidade dos dados no estudo

Para garantir a segurança e a privacidade dos dados coletados, o estudo será realizado com a aprovação do painel de benefícios públicos e privacidade da saúde e assistência social, vinculado ao NHS Scotland. Os dados serão armazenados no Scottish National Safe Haven, uma plataforma segura comissionada pelo Public Health Scotland para o uso de dados eletrônicos de saúde em pesquisas. Esse ambiente protegido permitirá que os pesquisadores acessem e analisem os dados sem comprometer a privacidade dos pacientes, assegurando que as informações pessoais sejam tratadas com o máximo cuidado.

Impactos e potenciais benefícios do projeto

Um dos principais objetivos do projeto NEURii é criar uma base de dados robusta que possa ser utilizada não apenas para prever a demência, mas também para acelerar o desenvolvimento de novos tratamentos. A demência é uma doença complexa, e os tratamentos atualmente disponíveis são limitados, caros e, muitas vezes, de eficácia incerta. Com a análise detalhada de um grande número de exames e registros de saúde, os pesquisadores esperam identificar novos alvos terapêuticos e desenvolver tratamentos mais precisos e eficazes.

Além de ajudar no diagnóstico precoce e no desenvolvimento de novos tratamentos, o uso aprimorado de exames cerebrais simples, auxiliados por IA, pode melhorar a compreensão geral da demência. Atualmente, a doença é frequentemente diagnosticada em estágios avançados, quando as opções de tratamento são limitadas. Com a IA, é possível que diagnósticos sejam feitos muito antes, permitindo intervenções mais eficazes e melhorando as perspectivas para os pacientes.

O futuro da demência com inteligência artificial

A inovação trazida pela inteligência artificial promete transformar a maneira como enfrentamos a demência, oferecendo novas esperanças para milhões de pessoas em todo o mundo. Com a capacidade de prever o risco de demência e permitir diagnósticos mais precoces, a IA poderá não apenas melhorar a qualidade de vida dos pacientes, mas também reduzir os custos associados ao tratamento da doença, que já ultrapassam US$ 1 trilhão por ano. À medida que o projeto NEURii avança, ele poderá servir como modelo para outras iniciativas globais, mostrando como a tecnologia pode ser uma aliada poderosa na luta contra um dos maiores desafios de saúde pública do nosso tempo.