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Intel registra queda histórica em meio a cortes de gastos e dificuldades com tendência de IA

Postado em: 23/08/2024 | Por: Emerson Alves

A Intel enfrenta uma queda histórica nas ações, cortes de gastos e dificuldades para se manter competitiva na crescente tendência da inteligência artificial (IA).

Nos últimos dez anos, a Intel, uma das gigantes do mercado de chips, viu seu cenário mudar drasticamente. Em agosto de 2014, as ações da empresa alcançaram um pico de US$ 32,82, impulsionadas pela recuperação do mercado de notebooks. No entanto, uma década depois, a situação é diferente: as ações da Intel caíram quase 40% em relação ao seu nível de uma década atrás, após um tombo de 26% no dia 2 de agosto e uma sequência de quedas no mercado de ações na semana passada.

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Cortes de gastos e reestruturação

A última queda nas ações da Intel ocorreu após o anúncio de um grande esforço de corte de custos, incluindo a perda de 15 mil empregos e a suspensão de dividendos, associado a resultados financeiros enfraquecidos. As margens brutas ajustadas para o segundo trimestre caíram 38,7% em relação ao ano anterior. Um dos principais desafios da Intel é se manter competitiva na nova tendência de PCs com inteligência artificial, onde a Qualcomm se tornou uma concorrente significativa.

De acordo com Timothy Green, da corretora financeira Motley Fool, a Intel só conseguiu enviar mais de 15 milhões de seus chipsets Meteor Lake com processador de IA porque foram fabricados na Irlanda, onde os custos de produção são mais altos do que nos EUA. A geração deste ano, Lunar Lake, será fabricada principalmente nas fábricas da TSMC, aumentando ainda mais os custos. A Intel planeja trazer a fabricação de volta para suas instalações na próxima geração, Panther Lake, que será lançada em 2025, esperando ver margens de lucro recuperadas em 2026.

Perda de posição no mercado e impacto das demissões

A Intel caiu da 53.ª para a 79.ª posição na lista Fortune 500 ao longo da última década. Na versão global da lista, a Fortune Global 500, a Intel passou do 195.º lugar em 2014 para o 261.º lugar em 2024.

Os cortes de mais de 15 mil empregos, anunciados no início de agosto, representam 15% da força de trabalho da Intel. A empresa também está implementando outras medidas de reestruturação e redução de gastos de capital, que devem cortar custos em US$ 10 bilhões até 2025.

Desafios no mercado de data centers e concorrência

No início do mês, a Intel informou que a receita de seu negócio de data center caiu 3% no segundo trimestre, enquanto sua concorrente AMD registrou um ganho de 115% no mesmo segmento. A Intel teve um prejuízo de US$ 1,6 bilhão no segundo trimestre, com a receita caindo 1%, para US$ 12,8 bilhões.

Patrick Gelsinger, CEO da Intel desde 2021, tem buscado revigorar a empresa com uma série de iniciativas, incluindo a obtenção de subsídios federais para incentivar a produção de componentes básicos nos EUA e a correção de problemas de fabricação. Ele embarcou em um esforço dispendioso para fornecer cinco novas gerações de tecnologia em quatro anos, o que, apesar de estar produzindo resultados, traz altos custos.

Além disso, Gelsinger lançou um plano para expandir as fábricas da Intel e transformá-la em uma grande fundição de chips para terceiros, estratégia que ajudou a empresa a se tornar a maior beneficiária do CHIPS Act, com subsídios federais de US$ 8,5 bilhões.

Apesar das iniciativas, a Intel continua enfrentando desafios significativos, tanto na fabricação quanto na demanda por seus produtos, especialmente à medida que os clientes migram para a Nvidia em busca de chips de IA para data centers.