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Dubladores profissionais pedem proteção legal contra uso de voz gerada por Inteligência Artificial

Postado em: 31/08/2024 | Por: Emerson Alves

Profissionais de dublagem alertam sobre os riscos do uso de vozes geradas por Inteligência Artificial (IA) na substituição de dubladores humanos, destacando a importância da proteção legal para preservar direitos autorais e a cultura brasileira.

Em audiência pública conjunta das comissões de Cultura e de Trabalho da Câmara dos Deputados, realizada na última quinta-feira (29), dubladores profissionais manifestaram suas preocupações em relação ao uso crescente de vozes geradas por Inteligência Artificial em trabalhos de dublagem. Segundo os representantes do setor, essa nova tecnologia não apenas substitui postos de trabalho, mas também compromete importantes aspectos culturais da dublagem no Brasil.

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A defesa dos direitos autorais e da cultura brasileira

Ângela Couto, representante do setor de dublagem em São Paulo, foi uma das principais vozes na audiência, destacando que a base da discussão é a defesa do direito autoral, da cultura brasileira e da soberania nacional. Ela argumentou em favor da aprovação do Projeto de Lei 1376/22, que atualmente tramita na Câmara dos Deputados. Esse projeto de lei prevê que as dublagens e legendagens de obras audiovisuais ofertadas comercialmente no Brasil sejam realizadas exclusivamente por empresas e profissionais com sede e residência no país.

“A dublagem é uma parte crucial da identidade cultural brasileira, e a introdução de vozes geradas por IA ameaça diluir essa identidade”, afirmou Ângela Couto. Ela ressaltou que a tecnologia, embora avançada, não é capaz de capturar as nuances emocionais e culturais que um dublador humano traz para uma performance.

A importância da boa dublagem

Fábio Azevedo, representante do Movimento Dublagem Viva, também participou da audiência, sublinhando a capacidade única da dublagem de conectar e emocionar o público. Ele demonstrou esse ponto ao citar frases icônicas de personagens dublados no Brasil, o que levou muitos dos presentes a reconhecer instantaneamente os personagens, mostrando o impacto duradouro que a dublagem pode ter.

Azevedo defendeu a aprovação do projeto de lei apresentado pelo senador Rodrigo Pacheco, que busca garantir a remuneração pelos direitos autorais daqueles que tiverem suas vozes ou performances utilizadas para treinar inteligências artificiais. “É fundamental que reconheçamos e valorizemos o trabalho dos dubladores, garantindo que a IA não se torne uma ferramenta de exploração sem retorno justo para os criadores originais”, afirmou.

Proteção legal e cultural

O debate sobre a proteção dos direitos dos dubladores e a preservação da cultura brasileira no contexto da ascensão da inteligência artificial é um tema emergente que precisa de atenção e ação legislativa. Os dubladores destacam que, sem proteção legal adequada, a IA poderia minar a profissão e, por extensão, a rica tradição cultural que a dublagem representa no Brasil.

O Projeto de Lei 1376/22 e as propostas associadas buscam estabelecer um marco legal que proteja os profissionais da dublagem e garanta que a tecnologia seja usada de maneira justa e respeitosa, sem comprometer os valores culturais e autorais do país.