Uso de inteligência artificial em dublagens é discutido na Câmara dos Deputados

Postado em: 28/08/2024 | Por: Emerson Alves

O uso crescente de inteligência artificial (IA) no setor de dublagem levanta preocupações sobre direitos autorais e a preservação do trabalho artístico humano.

As comissões de Cultura e de Trabalho da Câmara dos Deputados realizaram uma audiência nesta quinta-feira (29) para discutir o impacto da inteligência artificial (IA) no setor cultural, especificamente na área de dublagem. O debate foi proposto pela deputada Professora Luciene Cavalcante (Psol-SP) e ocorreu no plenário 12 da Câmara, às 14 horas.

Leia também: Inteligência Artificial: desafios e oportunidades na formação dos futuros profissionais.

Preocupações com a substituição de dubladores humanos

A deputada Professora Luciene Cavalcante ressaltou a importância de que a IA não substitua dubladores, mas seja utilizada como uma ferramenta complementar. Segundo ela, a expressão vocal e a interpretação artística são qualidades que apenas profissionais humanos podem oferecer, e a regulamentação deve garantir que essas características sejam preservadas.

“É crucial que a IA não substitua dubladores, preservando a expressão vocal e a interpretação artística que só profissionais humanos podem oferecer,” afirmou a deputada. Ela destacou que o avanço tecnológico deve ser equilibrado com a preservação do trabalho artístico, garantindo que a IA seja usada como complemento e não como substituto.

Respeito aos direitos autorais e combate a estereótipos

Outra questão levantada durante a audiência foi a necessidade de que a inteligência artificial respeite as leis de direitos autorais e evite a perpetuação de estereótipos e discriminações. Professora Luciene Cavalcante enfatizou que a regulamentação da IA na dublagem deve ser inclusiva e envolver todos os profissionais do setor.

“A regulamentação precisa ser inclusiva, consultando todos os envolvidos no setor,” cobrou a parlamentar. Ela alertou para os riscos de discriminação e estereótipos que podem ser amplificados pelo uso irresponsável de tecnologias de IA, reforçando a necessidade de um marco regulatório robusto e bem elaborado.

Próximos passos e envolvimento do setor

A audiência contou com a participação de diversos especialistas e representantes do setor cultural, que contribuíram com suas perspectivas sobre o tema. A expectativa é que o debate na Câmara leve a uma proposta de regulamentação que equilibre o desenvolvimento tecnológico com a proteção dos direitos dos trabalhadores e a preservação da qualidade artística das dublagens.

A deputada Professora Luciene Cavalcante reafirmou seu compromisso em continuar acompanhando o tema e garantiu que os próximos passos incluirão consultas amplas com os profissionais do setor. A ideia é construir uma legislação que permita o uso responsável da IA na dublagem, sem comprometer os direitos autorais e a qualidade do trabalho dos dubladores.