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“Pouco se fala no retorno do investimento em IA generativa nas empresas”, afirmam CEOs

Postado em: 01/09/2024 | Por: Emerson Alves

O uso da inteligência artificial (IA) generativa está em ascensão nas empresas, mas a avaliação criteriosa dos retornos financeiros e impactos culturais é essencial antes de adotar essa tecnologia, alertam líderes do setor.

Durante o evento ExpertXP, importantes líderes empresariais, como Marcel Saraiva da Nvidia Brasil, Tania Cosentino, presidente da Microsoft no Brasil, e Cecílio Fraguas da Jabuti AGI, discutiram a crescente implementação de inteligência artificial (IA) generativa nas empresas. Eles enfatizaram que, embora a IA esteja revolucionando diversas indústrias, os gestores devem avaliar cuidadosamente o retorno sobre o investimento (ROI) antes de embarcar nessa tendência tecnológica.

Leia também: O uso da inteligência artificial pode ser centrado no ser humano?.

IA: Custo vs. Benefício

Marcel Saraiva destacou que, embora a IA possa melhorar processos, como na indústria de logística, os custos associados à implementação de um modelo de IA podem superar os benefícios financeiros. “Um exemplo é uma empresa de logística que quer acelerar seus processos. Existe IA para isso? Sim. Mas quanto custa? R$ 10 bilhões. E qual o retorno? R$ 2,5 milhões. Levará cinco anos para pagar o projeto. Vale a pena? Talvez surja outra tecnologia até lá. Portanto, se não há retorno, não vale a pena”, afirmou Saraiva.

Tania Cosentino reforçou a necessidade de se considerar o impacto financeiro e outros aspectos ao adotar a IA. “O retorno sobre o investimento deve ser analisado de forma ampla. O fator financeiro é crucial, mas também precisamos considerar impactos culturais e a segurança cibernética para garantir que a IA traga benefícios reais à empresa”, disse Cosentino.

O avanço e a maturação da IA

Apesar do entusiasmo em torno da IA, Cecílio Fraguas destacou que a tecnologia ainda está em maturação e requer cuidado na sua implementação. Ele sugeriu que a IA generativa deve ser vista como um novo canal de produtos e serviços, não apenas como uma ferramenta para organizar dados. “Estamos em uma nova transição para a era do conversacional, onde a IA pode resolver problemas através do diálogo, aproximando-se mais do ser humano. Precisamos tratar isso como um novo canal de interação com os clientes”, afirmou Fraguas.

Impacto no emprego

Cosentino também abordou a questão do desemprego decorrente da automação impulsionada pela IA. Ela mencionou uma pesquisa que aponta que até 80% das posições de trabalho poderão ser substituídas pela IA. Contudo, Cosentino vê isso de forma positiva, comparando a transformação às mudanças que ocorreram no mundo do trabalho desde o século XX, onde a classe trabalhadora migrou para novas funções. Ela defendeu a necessidade de mobilizar governo, academia e setor privado para capacitar trabalhadores, especialmente em setores como call centers, que serão significativamente afetados.

Por outro lado, Fraguas expressou preocupação com o impacto social de um desemprego em massa. Ele alertou que as grandes revoluções históricas foram impulsionadas por uma classe média descontente e sugeriu que é necessário tratar desse desafio com educação e outras soluções sociais.

Avaliação cuidadosa é essencial

Os CEOs foram unânimes em afirmar que, embora a IA generativa ofereça grandes oportunidades, a implementação dessa tecnologia deve ser cuidadosamente planejada, levando em conta o retorno financeiro, os impactos culturais e a segurança cibernética. O uso responsável da IA pode transformar os negócios, mas sem a devida análise e planejamento, as empresas podem enfrentar desafios e até prejuízos.