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O uso polêmico da inteligência artificial na arte: Desafios e debates sobre criatividade e direitos autorais

Postado em: 27/08/2024 | Por: Emerson Alves

O avanço da inteligência artificial na criação de músicas e obras de arte está gerando debates intensos sobre a autoria, criatividade e o futuro da arte.

A ascensão da inteligência artificial (IA) no campo artístico está causando grande preocupação entre artistas, produtores culturais e estudiosos. Perguntas como “A arte está ameaçada?” e “Robôs podem realmente fazer arte?” têm surgido com frequência. Para muitos, o uso de IA na criação artística representa uma oportunidade para novas formas de expressão e inovação. No entanto, para outros, isso pode sinalizar o fim da arte como a conhecemos, com possíveis impactos negativos na autenticidade e no mercado de trabalho criativo.

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IA e o temor dos profissionais criativos

Designers, ilustradores, escritores, videomakers e outros profissionais da área criativa temem que a IA possa em breve substituir suas funções, eliminando suas vagas de trabalho. Esse medo não é infundado, já que as ferramentas de IA estão se tornando cada vez mais sofisticadas, capazes de criar ilustrações, compor músicas e escrever textos com um nível impressionante de precisão e criatividade. Para esses profissionais, a ameaça de perder espaço para as máquinas é real e iminente.

Apesar das preocupações, a IA está abrindo caminho no mundo da arte, mas com consequências ainda incertas. Um dos maiores dilemas enfrentados é a questão da autoria. Se uma IA gera uma obra de arte, quem deve ser creditado? O programador? A empresa que desenvolveu a IA? Ou a própria IA? Esse dilema ético e legal ainda não tem uma solução clara, mas já está causando debates intensos na indústria criativa.

Impactos e reações na comunidade artística

A integração da IA na arte também levanta preocupações sobre o valor e a originalidade das obras de arte. Alguns argumentam que a IA pode desvalorizar a arte, tornando-a mais acessível e, consequentemente, menos valiosa. Se máquinas podem criar obras de alta qualidade rapidamente e a um custo reduzido, o que isso significa para os artistas que dependem de suas criações para viver? Esse é um ponto particularmente preocupante em um mercado já saturado e competitivo.

Além disso, a questão dos direitos autorais na era da IA é um verdadeiro campo minado jurídico. As leis atuais foram estabelecidas com base na premissa de que a criatividade é uma característica exclusivamente humana. No entanto, com a IA gerando conteúdo original, há uma necessidade crescente de novas regulamentações que protejam tanto os direitos dos criadores humanos quanto os interesses das empresas que desenvolvem essas tecnologias.

Casos polêmicos envolvendo IA e criação artística

Dois eventos recentes na esfera cultural mundial destacam a crescente preocupação com a IA na arte. O cantor australiano Nick Cave criticou duramente uma música gerada por IA “no estilo de Nick Cave”, chamando-a de “besteira”. Cave argumenta que, embora a IA possa imitar o estilo de um artista, ela não consegue capturar a essência emocional que vem da experiência humana. Para ele, a verdadeira arte surge do sofrimento e das complexas lutas internas, algo que os algoritmos não podem replicar.

Nos Estados Unidos, três artistas — Sarah Andersen, Kelly McKernan e Karla Ortiz — moveram uma ação coletiva contra várias empresas de IA, acusando-as de roubo de ideias. As artistas alegam que suas obras foram usadas sem permissão para treinar algoritmos, levantando questões sobre propriedade intelectual e a ética do uso da IA na criação artística.

O papel da IA no audiovisual e as preocupações dos profissionais

O impacto da IA não se limita às artes plásticas e música; o setor audiovisual também está em alerta. Em Hollywood, roteiristas, atores e outros profissionais têm expressado preocupações sobre o uso crescente de IA na criação de roteiros e personagens digitais. Eles argumentam que a automação desses processos criativos ameaça suas carreiras e pode levar a uma produção de conteúdo sem alma, comprometendo a originalidade e a autenticidade das histórias contadas em filmes e séries.

Os atores, em particular, temem ser substituídos por avatares digitais, especialmente com o avanço de tecnologias como deepfake e sintetização de voz. Essa substituição não apenas ameaça empregos, mas também levanta questões éticas sobre consentimento e controle de imagem.

O futuro da arte na era da inteligência artificial

A integração da IA na arte está apenas começando, e as respostas para as muitas perguntas que surgem desse processo determinarão o futuro da criatividade. Enquanto alguns veem a IA como uma ferramenta que pode expandir as possibilidades artísticas, outros temem que ela possa diluir o valor da criatividade humana.

Como em qualquer revolução tecnológica, a IA na arte apresenta desafios e oportunidades. Cabe à sociedade, aos legisladores e, principalmente, aos artistas, navegar por esse novo território de maneira que respeite a tradição artística enquanto abraça as possibilidades do futuro.