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Sindicato de Hollywood fecha acordo para reprodução de vozes dos atores com IA

Postado em: 23/08/2024 | Por: Emerson Alves

O sindicato dos atores de Hollywood, SAG-AFTRA, anunciou um acordo que permite aos atores vender os direitos de replicar suas vozes usando inteligência artificial (IA), garantindo renda e controle sobre o uso de suas réplicas digitais.

Em um movimento inédito, o SAG-AFTRA, sindicato dos atores de Hollywood, revelou nesta quarta-feira (14) um acordo com a plataforma de talentos online Narrativ. Esse acordo permitirá que os atores licenciados pelo sindicato vendam aos anunciantes o direito de replicar digitalmente suas vozes utilizando IA, assegurando que eles recebam uma compensação justa e mantenham controle sobre como suas réplicas de voz serão utilizadas.

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Garantias e direitos dos atores

Com o avanço da tecnologia de inteligência artificial, muitos artistas têm expressado preocupação com o potencial uso não autorizado de suas imagens e vozes. O novo acordo entre o SAG-AFTRA e a Narrativ visa proteger esses artistas, oferecendo uma forma segura de monetizar suas vozes digitais. “Nem todos os membros estarão interessados em aproveitar as oportunidades que o licenciamento de suas réplicas de voz digital pode oferecer, e isso é compreensível”, afirmou Duncan Crabtree-Ireland, funcionário do SAG-AFTRA, em comunicado. “Mas para aqueles que o fazem, agora você tem uma opção segura.”

Pelo acordo, os atores podem estabelecer o preço para a reprodução de suas vozes por anunciantes, desde que o valor seja, no mínimo, equivalente ao piso salarial do sindicato para comerciais de áudio. Além disso, as marcas interessadas devem obter o consentimento explícito dos artistas para cada anúncio que utilizar suas vozes replicadas digitalmente.

Repercussão e questões éticas

O SAG-AFTRA elogiou o acordo com a Narrativ como um marco na criação de padrões éticos para o uso de réplicas de voz geradas por IA na publicidade. O tema ganhou destaque no início do ano, quando a atriz Scarlett Johansson acusou a OpenAI de utilizar sua voz sem permissão em seu sistema de IA de conversação.

A questão da IA também foi central na greve de Hollywood do ano passado, a primeira paralisação simultânea em 63 anos envolvendo atores e escritores, onde a proteção contra o uso não autorizado de IA foi um dos principais pontos de discussão. A recente convocação de uma greve por dubladores de videogames e artistas de captura de movimentos reforça a preocupação com o impacto da IA no mercado de trabalho artístico.

Legislação e o futuro do uso de IA

O debate em torno do uso de IA para replicar vozes e imagens de pessoas reais levou à introdução do projeto de lei NO FAKES Act no Congresso dos EUA. A legislação proposta daria a cada indivíduo o direito exclusivo sobre sua voz e semelhança, tornando ilegal a criação de réplicas por IA sem o devido consentimento. O projeto de lei conta com o apoio do SAG-AFTRA, da Motion Picture Association, da The Recording Academy e da Disney.

A proliferação de deepfakes — vídeos realistas gerados por IA que imitam vozes e imagens reais — e seu impacto potencial na manipulação da opinião pública são questões que têm gerado preocupação global, sublinhando a importância de regulamentar o uso dessa tecnologia.