Meus Apps


Como o governo pensa a Inteligência Artificial: Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA)

Postado em: 29/08/2024 | Por: Emerson Alves

O Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA), lançado pelo governo federal durante a 5ª Conferência Nacional de Ciência e Tecnologia, visa integrar e acelerar o uso de IA em setores estratégicos como saúde, educação e agricultura, com investimentos que podem chegar a R$ 23 bilhões.

O PBIA foi desenvolvido em resposta a um pedido direto do presidente Lula, que destacou a importância de atender às demandas tecnológicas e sociais do país. Henrique Miguel, secretário de Ciência e Tecnologia para Transformação Digital do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), explicou em entrevista que o plano tem o objetivo de coordenar ações entre diversos órgãos governamentais e privados, impulsionando a inovação e a autonomia tecnológica do Brasil.

Leia também: OpenAI permite personalização avançada de seu modelo de IA GPT-4 com ajuste fino.

Impactos da IA na saúde e outros setores

Na área da saúde, a IA já está sendo aplicada em projetos como o Meu SUS Digital, que visa unificar e digitalizar os dados de saúde dos brasileiros. Além disso, a IA está sendo utilizada para a análise de exames de imagem, como raios-x, ressonância magnética e tomografia, melhorando a eficiência e a acurácia dos diagnósticos médicos. Isso acelera o atendimento nos hospitais e beneficia tanto o sistema público quanto o privado.

Henrique Miguel destacou que o impacto da IA na saúde é significativo, especialmente com a unificação dos dados de saúde dos brasileiros. O prontuário eletrônico inteligente será um passo importante para integrar informações de saúde e melhorar o atendimento em todo o país.

Educação e agricultura: setores-chave para a IA

No campo da educação, a IA será integrada aos currículos desde cedo, preparando os estudantes para um mundo digital. Além disso, a requalificação e o treinamento profissional são fundamentais para enfrentar as mudanças no mercado de trabalho, que deve ver a substituição de algumas profissões e a criação de novas oportunidades.

Na agricultura, a IA permitirá uma melhor utilização de dados científicos e climáticos, beneficiando desde o pequeno agricultor até o grande produtor. O acesso a informações detalhadas e em tempo real permitirá uma tomada de decisão mais precisa, aumentando a produtividade e sustentabilidade do setor.

Desafios e oportunidades ambientais

O PBIA também se concentra na crise climática, integrando dados de monitoramento ambiental de órgãos como o Cemaden e o INPE. A IA será utilizada para prever desastres naturais, como queimadas e enchentes, e para melhorar a gestão ambiental. Henrique Miguel destacou que o Brasil já adquiriu um supercomputador para o Cemaden, que será uma ferramenta crucial para a previsão climática avançada e outras interações ambientais.

Autonomia tecnológica e desafios globais

Um dos grandes objetivos do PBIA é garantir a autonomia tecnológica do Brasil, evitando a dependência de grandes empresas internacionais de tecnologia. O desenvolvimento de um modelo de Large Language Model (LLM) em português, adaptado à realidade cultural e linguística brasileira, é uma das metas do plano.

No entanto, Henrique Miguel reconhece que a criação de um LLM do zero exigirá tempo e recursos significativos. A preocupação central é garantir que os dados da população brasileira sejam protegidos e utilizados de maneira que beneficie primeiramente os brasileiros, evitando que empresas estrangeiras imponham custos elevados pelo uso desses dados.

Investimentos e formação de mão de obra

O PBIA prevê a mobilização de recursos tanto públicos quanto privados, com grande parte do financiamento vindo do setor privado. O Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) também desempenhará um papel importante no financiamento de projetos de IA e na modernização das infraestruturas de pesquisa no Brasil.

Além disso, a formação e capacitação de mão de obra especializada serão prioritárias, com o envolvimento de universidades, centros de pesquisa e o Sistema S. O objetivo é criar uma força de trabalho capaz de liderar a transição tecnológica e impulsionar o crescimento econômico do país.