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Inteligência artificial na lavoura: Tecnologia otimiza irrigação com base em dados climáticos

Postado em: 25/08/2024 | Por: Emerson Alves

A Embrapa Agroindústria Tropical, em parceria com a Universidade Federal do Ceará, desenvolveu um sensor inovador que utiliza inteligência artificial para determinar o momento ideal e a quantidade exata de água necessária para a irrigação, especialmente em regiões afetadas pela seca.

Em Fortaleza, a Embrapa Agroindústria Tropical criou um sensor que promete revolucionar a agricultura no Nordeste do Brasil, uma das regiões mais afetadas pela escassez de água. Baseado em inteligência artificial (IA), o sistema é capaz de monitorar parâmetros cruciais, como radiação solar, umidade do ar e hidratação das folhas, para acionar automaticamente a irrigação no momento mais adequado.

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Desenvolvido em conjunto com a Universidade Federal do Ceará (UFC), o sensor foi projetado para enfrentar as condições críticas de falta de água, com o objetivo de reduzir o consumo hídrico, beneficiando especialmente pequenos e médios produtores. Cláudio Carvalho, pesquisador da Embrapa e orientador do projeto, destacou a importância de um uso eficiente da água. “Aqui no Nordeste, o grande problema é que nós não temos água. Seria muito bom fazer o uso parcimonioso da água que ele tem em cacimba coletada da chuva, e não aplicar isso com base apenas em balanços hídricos que não calculam perfeitamente”, explica.

Como a IA está transformando a irrigação agrícola

A tecnologia por trás desse sensor se diferencia por sua precisão e capacidade de aprendizado contínuo. Segundo Otto Sousa, engenheiro de computação e responsável pelo projeto na UFC, o sistema utiliza uma rede neural robusta que armazena e analisa dados em tempo real, permitindo uma irrigação otimizada. “Na prática, a IA vai identificar padrões, dizer se aquela plantação está sofrendo ou não com a falta d’água e quanto ela vai precisar no futuro”, afirma Carvalho.

Essa inovação não apenas melhora a eficiência no uso da água, mas também promete reduzir os custos a longo prazo para os produtores. “Seria uma relação parecida com o que temos com placas solares. Após o custo inicial, há um retorno financeiro bastante considerável”, observa Sousa.

Desafios e futuro da tecnologia

Embora já existam tecnologias semelhantes, como tensiômetros e câmeras infravermelho, que monitoram a umidade do solo e o calor, respectivamente, Otto Sousa ressalta que essas opções ou são caras ou carecem de precisão. A nova solução de IA oferece uma alternativa mais acessível e precisa, especialmente para pequenos e médios produtores.

Após a fase de desenvolvimento e testes, a próxima etapa é levar essa tecnologia ao mercado. A expectativa é que a comercialização plena ocorra em até dois anos, segundo a professora Atslands Rego da Rocha, da UFC. Nesse período, a equipe está focada em aprimorar o hardware e expandir o banco de dados para melhorar ainda mais a precisão do sistema.

O projeto já conta com uma parceria com a empresa 3C3 Tecnologia, que será responsável pela fabricação dos dispositivos. Essa colaboração visa garantir que a tecnologia esteja disponível em larga escala, atendendo às necessidades dos agricultores e contribuindo para uma agricultura mais sustentável e eficiente.

Impacto e perspectivas

A adoção dessa tecnologia promete transformar a forma como a irrigação é gerida nas regiões secas do Brasil. Com o uso de inteligência artificial, os produtores poderão economizar água e reduzir custos, ao mesmo tempo em que mantêm ou até aumentam a produtividade de suas lavouras.

Além disso, essa inovação pode servir como modelo para outras regiões do mundo que enfrentam desafios semelhantes, mostrando como a tecnologia pode ser uma aliada poderosa na agricultura sustentável.