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Einstein reduz tempo de diagnóstico de câncer de mama de 1 hora para 30 segundos com IA da Roche

Postado em: 23/08/2024 | Por: Emerson Alves

O Hospital Albert Einstein está na vanguarda da medicina ao reduzir drasticamente o tempo de diagnóstico do câncer de mama para apenas 30 segundos, graças ao uso de inteligência artificial desenvolvida pela Roche.

A ideia de uma inteligência artificial (IA) capaz de realizar diagnósticos complexos em segundos pode parecer futurista, mas já é uma realidade no Hospital Albert Einstein. Desde julho de 2024, o hospital implementou o software Ventana DP600, da Roche, que utiliza um algoritmo especializado para a leitura de marcadores que identificam características específicas das neoplasias de mama. Este avanço reduziu o tempo de diagnóstico laboratorial de uma hora para apenas 30 segundos, além de proporcionar uma análise de alta precisão.

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Como funciona a tecnologia do Ventana DP600?

O Ventana DP600 automatiza a interpretação das características da proteína HER-2 no tecido mamário. O processo começa com a coloração das lâminas de tecido, que são então escaneadas para o sistema. Em seguida, os algoritmos do Navify Digital Pathology (NDP) realizam a leitura detalhada das células selecionadas pelos patologistas. O resultado é gerado em segundos e, posteriormente, validado por um médico.

O Hospital Albert Einstein é pioneiro no uso deste protocolo inovador. Para garantir a eficácia e a precisão da nova tecnologia, os resultados foram validados em conjunto com o Colégio Americano de Patologia, ao qual a instituição é filiada.

Impacto na precisão e no tratamento

Segundo Renee Zon Filippi, gerente médica de anatomia patológica do Einstein, a correta identificação dos marcadores da proteína HER-2, analisados pela nova ferramenta, é crucial para determinar o tratamento terapêutico adequado para as pacientes. “Com a correta detecção da amplificação do gene HER2 (ERBB2), podemos oferecer tratamentos mais precisos e eficazes”, afirma Filippi.

O caminho para a inovação

A adoção desta tecnologia foi o resultado de um longo processo de validação e treinamento. Antes de o algoritmo entrar em uso, a equipe de patologistas do Einstein passou por diversos treinamentos realizados pela Roche. Além disso, foi necessário alterar a técnica de coloração das lâminas, passando do método FISH (fluorescente) para o SISH (com prata), para que o Ventana DP600 pudesse ser utilizado.

Filippi relata que viu a ferramenta pela primeira vez em um congresso em 2023, em Nova Orleans, e rapidamente identificou seu potencial para melhorar a eficiência no laboratório de patologia. A transição para a nova técnica de coloração e a implementação do sistema Ventana DP600 levaram cerca de um ano e meio para serem concluídas.

Ganhos de eficiência e qualidade

Os benefícios da nova tecnologia são notáveis. Antes, os patologistas precisavam se deslocar até uma sala escura para realizar o processo de coloração FISH. Agora, com a técnica SISH e o Ventana DP600, o processo é realizado diretamente na bancada de trabalho, aumentando a praticidade e a velocidade das análises.

A principal mudança é a rapidez,” destaca Filippi. Com o uso do scanner, as imagens são extremamente nítidas, permitindo que os patologistas ampliem os detalhes e realizem uma análise com maior confiança e agilidade. Apesar do pouco tempo de uso, a médica já celebra as melhorias significativas na eficiência dos exames.

Perspectivas futuras e segurança

Enquanto a IA continua a avançar na medicina, surgem questões éticas e preocupações sobre a segurança dos dados que alimentam esses algoritmos. Sandra Sampaio, diretora de estratégia e marketing na Roche Diagnóstica, ressalta que essas questões são prioritárias no desenvolvimento de ferramentas diagnósticas com IA.

Ao contrário de muitos modelos de inteligência artificial, o algoritmo da Roche não se alimenta de novas informações médicas em tempo real. Todo o treinamento é realizado previamente, utilizando dados de um grande banco de dados e sem comprometer a privacidade dos pacientes. Isso garante que o algoritmo seja consistente e não influenciado por informações externas potencialmente erradas.

Isso é crucial, especialmente na saúde,” afirma Sampaio. A Roche continua a desenvolver novos algoritmos para outras patologias, com planos de lançar cerca de 120 novas soluções no mercado nos próximos dois anos.