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Como as doenças cardíacas passaram de silenciosas a detectáveis por IA

Postado em: 31/08/2024 | Por: Emerson Alves

A inteligência artificial está revolucionando o diagnóstico precoce de doenças cardíacas, permitindo que condições antes silenciosas sejam detectadas e tratadas com maior precisão.

Durante muito tempo, as doenças cardiovasculares foram conhecidas como “assassinas silenciosas”, pois muitas vezes progrediam sem sintomas visíveis até que fosse tarde demais. No entanto, essa realidade está mudando com o avanço da inteligência artificial (IA), que agora está sendo amplamente utilizada tanto na prática clínica quanto no cotidiano dos pacientes para detectar precocemente essas condições.

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IA na prática clínica: diagnósticos mais precisos

A cardiologista Adelaide Arruda-Olson, da renomada Mayo Clinic nos Estados Unidos, destaca que a IA está transformando a medicina ao converter dados em recomendações práticas. Durante o Congresso de Imagem Cardiovascular da Sociedade Brasileira de Cardiologia, realizado em Salvador, Adelaide apresentou como a IA está sendo utilizada para diagnosticar doenças cardíacas de forma precoce, antes mesmo que os sintomas apareçam.

Um exemplo significativo é o uso da IA no eletrocardiograma, um teste comum em clínicas de cardiologia. Cientistas da Mayo Clinic desenvolveram um programa de IA que analisa os traçados do eletrocardiograma para identificar condições cardíacas como a cardiomiopatia hipertrófica, caracterizada pelo aumento da espessura do miocárdio. Com um simples clique no prontuário eletrônico, o médico pode realizar uma análise detalhada do eletrocardiograma utilizando IA, permitindo um diagnóstico mais rápido e preciso.

IA no cotidiano dos pacientes

Além de sua aplicação na prática clínica, a IA está cada vez mais presente em dispositivos de uso pessoal, como smartwatches e camisetas com monitores cardíacos integrados. Esses dispositivos são capazes de monitorar a frequência cardíaca e detectar irregularidades como arritmias, muitas vezes antes que o paciente perceba qualquer sintoma.

Um exemplo trágico que ganhou destaque recentemente foi a morte do jogador uruguaio Juan Izquierdo, que sofreu uma parada cardíaca após um episódio de arritmia. Esse caso reforça a importância da detecção precoce de condições cardíacas, algo que a IA está tornando cada vez mais possível.

A importância da conscientização, especialmente para as mulheres

A cardiologista Adelaide Arruda-Olson também alerta para a diferença nos sintomas de doenças cardíacas entre homens e mulheres. Muitas mulheres tendem a ignorar sinais como falta de ar, atribuindo-os a causas menos graves. No entanto, esses sintomas podem indicar problemas cardíacos graves que requerem atenção imediata.

“É crucial que nós, mulheres, estejamos atentas ao nosso corpo e não ignoremos sinais que podem parecer menores”, ressalta Adelaide. Para ajudar no diagnóstico, ela menciona o uso do ecocardiograma de estresse, que permite avaliar a saúde do coração durante o exercício, verificando se há equilíbrio na oferta de sangue para o coração.

Democratizando o acesso à IA para diagnóstico

A visão de Adelaide é que a IA deve ser democratizada para que tanto médicos quanto pacientes possam se beneficiar de diagnósticos mais precisos e prevenção mais eficaz. Com o avanço da tecnologia, está se tornando cada vez mais viável detectar doenças cardíacas em seus estágios iniciais, evitando complicações graves e melhorando a qualidade de vida dos pacientes.

Em suma, a inteligência artificial está desafiando a ideia de que as doenças cardíacas são silenciosas, transformando a detecção precoce e a prevenção em uma realidade acessível e eficaz para todos.